quinta-feira, 25 de outubro de 2012

A "ESCOLA DA COLUNA" COMO ALIADA NO TRATAMENTO DA LOMBALGIA CRÔNICA

Considero a "Escola da Coluna", a mais completa forma de tratamento e prevenção da lombalgia crônica e outras algias que afetam as regiões da coluna vertebral. A dor nas costas normalmente surge e se perpetua graças  as posturas incorretas no trabalho, em casa ou até por atividade física inadequada e/ou excessiva. Devemos considerar a dor como a maior aliada da vida. Sem a dor, não sobreviveríamos por muito tempo, ela nos avisa de que algo está errado com nosso corpo. A primeira e mais importante etapa do tratamento está em identificar o que está causando as dores. A partir do momento que o mecanismo de lesão e sobrecarga as estruturas da coluna é identificado, o paciente passa a se beneficiar do restante do tratamento que irá reabilitar a coluna como um todo. Qualquer técnica fisioterapeutica ou uso de medicamentos será ineficaz sem a educação postural, disciplina e colaboração do paciente.


A "Escola de Coluna" foi criada na Suécia em 1969, pela fisioterapeuta Mariane Zachrisson-Forssell. As aulas eram ministradas por fisioterapeutas para um número reduzido de alunos e consistiam de lições básicas sobre anatomia e funcionamento da coluna, aulas sobre exercícos de relaxamento, fortalecimento dos músculos abdominais e pernas, atividade física regular e moderada. O aluno tambem aprendia a identificar as posições potencialmente lesivas e posturas adequadas em casa e no trabalho. Este trabalho dava ao aluno da "Escola da Coluna" todas as ferramentas necessárias para viver de bem com sua coluna.  
No Brasil, a "Escola de Postura", foi introduzida em 1972 no Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo por Knoplich, a partir da observação de que no Departamento de Ortopedia mais de 80% dos pacientes tinham queixas de dor crônica na coluna, o que aumentava a demanda tanto no atendimento médico, como na fisioterapia. Knoplich observou que os resultados eram inferiores quando as aulas eram ministradas a grandes grupos. Em 1978, Knoplich publicou o livro Viva bem com a coluna que você tem, onde foi enfatizada a aplicação da "Escola de Postura"; em 1991, difundiu uma coleção audiovisual nas empresas. 
Em 1990, o programa de "Escola de Postura" da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e em  1993, a Universidade Federal de São Paulo (Escola Paulista de Medicina) criou seu programa de "Back School" que denominou de "Escola de Coluna", voltada principalmente para pacientes com lombalgia crônica. Em 1994, a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) iniciou sua proposta de "Back School" denominada "Escola das Costas", cujo programa foi dirigido para pacientes com dor em todos os segmentos da coluna (cervical, dorsal e/ou lombar), podendo ser crônica ou aguda, composto de cinco aulas com duração de 50 minutos, com grupos formados por até 20 pacientes.


Vários estudos foram realizados na tentativa de validar a Escola da Coluna como um método eficaz para o tratamento da lombalgia crônica, porém vale ressaltar os realizados por Moffet et al. e Linton et al., pela alta qualidade metodológica. O trabalho realizado por Moffet et al, mostrou que todos os individuos que recebiam exercícios de fortalecimento dos músculos abdominais e quadriceps sem as orientações e lições posturais da " Escola da Coluna" voltavam a ter dor e incapacidade funcional. Nesse estudo, os autores sugerem que pacientes com lombalgia crônica se beneficiariam com programas de educação postural, tal como é oferecido com a "Escola de Coluna". Portanto, esse estudo demonstra a importância dos exercícios específicos no tratamento das algias de coluna como também da educação do paciente para manutenção da melhora clínica.
O estudo de Linton et al., foi realizado com dois grupos de mulheres auxiliares de enfermagem, um grupo (experimental) realizava atividades físicas variadas, terapias comportamentais e aulas de "Escola da Coluna", principalmente no que diz respeito aos cuidados posturais na transferência de pacientes e outras atividades laborais que podem sobrecarregar as estruturas da coluna; o outro grupo (controle), não recebeu qualquer orientação. Ao final, os autores concluíram que o grupo da "Escola de Coluna" teve melhora significante em relação ao grupo controle nos parâmetros: intensidade da dor, ansiedade, qualidade de sono e fadiga, com manutenção da melhora após seis meses. Os autores sugerem que programas de prevenção secundária, que alteram fatores de estilo de vida, podem representar um método eficaz para lidar com problemas de dor musculoesquelética. Os dados satisfatórios desse estudo podem estar relacionados à associação do programa clássico de "Escola de Coluna" com outras técnicas como exercícios aeróbicos e terapia comportamental, importante no controle da dor.


Referências:

Caraviello, et al. Actafisiatrica, 2005. Avaliação da dor e função de pacientes com lombalgia tratados com um programa de Escola de Coluna.

Andrade, et al. “Escola de Coluna”: Revisão Histórica e Sua Aplicação
na Lombalgia Crônica.

Moffett, S. McLean, Rheumatology, 2006 - Soc Rheumatology. The role of physuoterapy inthe management of non-specific back pain and neck pain.


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