A prevalência da dor lombar aumenta após os 25 anos de vida, com um pico na faixa etária entre 50 a 60 anos. Homens e mulheres são afetados de forma semelhante.
A região lombar é responsável pela acomodação de cargas provenientes do peso corporal e forças externas aplicadas sobre suas estruturas. É uma região que deve ser ao mesmo tempo forte e rígida para realizar adequadamente suas funções. Para isto, existem mecânismos que garantem a manutenção do alinhamento das vértebras. Quando estes mecanismos entram em desequilibrio, ocorre a instabilidade, que sobrecarrega as estruturas locais, originando a dor.
A fáscia tóraco lombar (FTL) é uma forma de invólucro aponeurótico, forte e complexo, que atua como um imenso ligamento conectando as costelas, vértebras e sacro. Envolve os músculos da coluna lombar, formando três compartimentos: anterior, médio e posterior. Mantem conexão principalmente com o oblíquo interno, externo, grande dorsal, quadrado lombar, transverso abdominal e glúteo máximo. Sua camada posterior envolve os músculos posteriores da coluna da região sacral até a fáscia nucal. A FTL é uma estrutura passiva, que devido à sua conexão com os diversos grupos musculares, comporta a função de suporte mecânico e participa dinamicamente no mecanismo de estabilização lombar.
A fascia tóraco lombar é capaz de promover um suporte passivo suficiente para diminuir em até 55% o stress sobre a coluna lombar durante a flexão de tronco. Durante a realização de movimentos ela exerce manutenção do alinhamento do tronco. Na rotação de tronco, realiza a distribuição de forças entre a coluna, pelve e pernas, proporcionando estabilidade para a região lombar baixa.
Em um estudo realizado por Bednar et al (1995) comprovou-se a existência de focos de calcificação e pré-calcificação em amostras de fáscias de cadáveres, com história de dor lombar mecânica crônica. Essas amostras também apresentaram hipertrofia multilâminar. Diante das anormalidades patoanatômicas encontradas, confirmou-se a importância da FTL como componente ativo na coluna lombar.
No sistema ativo, FTL age indiretamente pela ação dos músculos que a tencionam, por estarem diretamente conectados a ela, são eles: grande dorsal, transverso abdominal, obliquo interno, obliquo externo, glúteo máximo e quadrado lombar.
A FTL também atua no sistema neural por possuir papel proprioceptivo na prevenção de lesões controlando o deslocamento e posicionamento vertebral.
O tônus fasciaL é regulado pelo sistema nervoso autônomo. O pH corporal desempenha um importante papel na tensão fascial, já que um pH muito alcalino cria vasoconstrição e um tônus muscular aumentado. O pH corporal pode ser influenciado por um aumento nos níveis de stress, pois este é responsável pelas alterações na respiração, causando alterações no CO2 expirado. Técnicas como meditação e relaxamento podem ajudar o individuo a respirar de forma adequada e controlar o stress. Para atletas, é fundamental saber administrar o stress durante os treinos e antes das competições. O PH corporal adequado previne lesões e melhora o rendimento.
No sistema passivo a lâmina profunda da camada posterior apresenta importante papel ligamentar na resistência a flexão. Devido ao importante papel da FTL no mecanismo de estabilização lombar, o homem tem a capacidade única de elevar objetos pesados acima da cabeça e de estabilizar o tronco para lançá-los em alta velocidade. A capacidade estabilizadora segmentar da FTL ocorre devido a sua íntima ligação com os músculos lombares.
O transverso abdominal está inserido na FTL fornece estabilidade a toda coluna lombar e tem papel importante na estabilização segmentar de rotação e translação do tronco. Este mecanismo ocorre devido a elevação da pressão intra-abdominal e tensionamento da FTL. Estudos mostram que o transverso abdominal é contraído antes da perturbação do tronco ou movimento rápido e multidirecional dos membros. Uma ativação atrasada desses músculos determina falha na estabilização, este fato está relacionado a pacientes com lombalgia crônica.
O músculo glúteo máximo age em conjunto com a FTL para iniciar o movimento de extensão da coluna, partindo de uma posição completamente fletida.
O músculo grande dorsal apresenta ação, via tensão da camada posterior da FTL.Devido a esta conexão há uma melhora do mecanismo de alinhamento lombopélivico.
Apesar de todas as comprovações é importante salientar que a atuação da FTL é complementar no mecanismo de estabilização lombar, pois por ser uma estrutura passiva não apresenta suporte mecânico isolado suficiente para estabilizar a coluna quando forças externas são aplicadas.
A FTL participa do mecanismo de estabilização lombar em situações dinâmicas, porém não deve ser superestimada. Uma estabilização adequada depende do sinergismo entre os mecanismos passivo, ativo e neural. Logo, a reabilitação de pacientes lombálgicos deve se basear em atividades que aprimorem a função de cada um dos componentes deste complexo mecanismo de estabilização.
RERERÊNCIAS:
Schleip R, Klinger W, Lehmann-Horn F. Fascia is able to contract in a smooth muscle-like manner and therby influence musculoskeletal mechanics, 2006.
BISSCHOP, Pierre. Instabilidade Lombar : Implicações para o Fisioterapeuta. Revista Terapia Manual. –Vol I, Nº 4 - abril/junho.
COX, James M. Dor Lombar: Mecanismo, diagnostico e tratamento. 6ª ed. Manole: São Paulo, 2002.
COX, JM. Reabilitação do paciente com Dor Lombar. In: Cox JM. Dor lombar: Mecanismos, diagnóstico e tratamento. 6ºed. São Paulo: Monole, 2002.
BOM!
ResponderExcluirMuito bommm
ResponderExcluirE quais os tratamentos a serem realizados ?
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