sábado, 29 de setembro de 2012

O papel da família e da escola na construção de relacionamentos sociais


Nas últimas décadas tem havido uma inequívoca tensão nos núcleos familiares. Os pais têm cada vez menos tempo para convivência com os filhos, o nível de desemprego se elevou, a instabilidade social cresceu, as taxas de divórcios e separações são cada vez maiores e o aumento da mobilidade vêm provocando uma sensação de desenraizamento nas pessoas. O núcleo familiar no qual as crianças vem sendo criadas é bastante restrito, limitando-se a seus pais e irmãos. Esse fato faz com que as mesmas conheçam e convivam muito pouco com a família maior, resultando em uma certa indiferença no seu relacionamento com os demais parentes. É difícil, nas grandes cidades, uma convivência íntima entre tios, primos e, lamentavelmente, até com os avós (figuras tão importantes no desenvolvimento das crianças). Esses fatores somados causam uma diminuição das fontes estáveis, que colaboram para a construção dos relacionamentos sociais, provocando uma ascensão do individualismo. Tudo isso gera um indiscutível incremento no estresse da família nuclear. Nesse sentido, nossas crianças estão mais dependentes de apoios da comunidade, de instituições que representem lugares adicionais de segurança, amparo e esperança, que ofereçam figuras identificatórias confiáveis.


Dentre esses lugares comunitários de força e estrutura, estão incluídos os que propiciam a crença em um ser superior e a confiança no ambiente escolar. Para melhor compreendermos esse aspecto, podemos citar o exemplo de quando a criança se defronta com um desafio importante, e momentaneamente fracassa – ela pode se frustrar de maneira significativa. No entanto, se possuir uma crença, acreditar na comunidade familiar e na escola, tenderá a sentir esse fracasso como derrota temporária, e não como um fracasso vital e duradouro que envolve todo o seu ser. Na ausência dessa grande comunidade, é freqüente a criança se tornar vulnerável e deixar que uma derrota momentânea se transforme em um tormento permanente. Não devemos perder de vista que a construção de ambientes que transmitam confiança e a reconstrução da grande família são de vital importância para o desenvolvimento saudável das crianças, favorecendo-as na busca incessante da felicidade, que é uma busca própria do ser humano.


 Desnecessário é dizer que a comunidade escolar ganha uma importância cada vez maior como espaço confiável para nossas crianças, não apenas como fonte de aquisição do saber, mas principalmente como lugar para se viver. Não é incomum que, ao perguntarmos as nossas crianças quem são seus melhores amigos, nos sejam apresentados seus amigos de escola. A comunidade escolar cada vez mais se aproxima, no imaginário infantil, do espaço ocupado anteriormente pela grande família: é lá que a criança encontra e convive com tias, por exemplo. Nada nos impede de reatar os laços na grande família original, mas, na medida em que a escola ocupe grande parte desse lugar na mente infantil, devemos estar atentos para que ela possua valores como sabedoria, afetividade, fé e capacidade de acolhimento, que são desejáveis em qualquer boa família e em qualquer comunidade estruturada, saudável e sentida como agradável.

Fonte: Revista do Professor

sábado, 22 de setembro de 2012

Escoliose - O desvio postural mais comum entre escolares

Postura é definida como a posição corporal adotada pelo ser humano. A postura adequada é aquela onde há um perfeito equilíbrio entre as estruturas corporais. As posturas inadequadas produzem sobrecarga e desgastes das estruturas de suporte, gerando dores
A escoliose é uma deformidade que surge na infância e adolescência, afetando mais as meninas que os meninos. Ela se apresenta tanto no plano frontal quanto no lateral onde o corpo vertebral gira para o lado convexo e o processo espinhoso para o lado côncavo.  As
costelas acompanham a rotação vertebral, girando para trás e para cima no lado convexo, e
para frente no lado côncavo. 



O início da vida escolar marca um momento de descobertas e desafios para a criança, porém os longos períodos sentado de forma incorreta e o transporte de mochilas inadequadas e pesadas causam alterações na postura que o individuo carregará por toda a sua vida se não for diagnosticada e tratada a tempo.As causas da escoliose não são muito especificas, porém sabe-se que as más posturas durante o período de desenvolvimento corporal predispõe o individuo ao seu surgimento, manutenção e agravamento. 
Em países desenvolvidos já existem trabalhos no sentido de previnir as alterações posturais entre escolares. Atualmente, a Secretaria de educação da Prefeitura Municipal de Guarujá conta com o Projeto Boa Postura - Escola saudável, que é realizado nas escolas municipais de educação infantil e tem o objetivo de melhorar a relação do aluno com o ambiente escolar do ponto de vista postural. O descuido com a postura, muitas vezes, vem do desconhecimento do que é certo ou errado na hora de sentar, brincar, utilizar a mochila, etc.
Howard et al., alertam que as alterações posturais sem tratamento progridem substancialmente durante a vida adulta, causando aumento da deformidade que consequentemente compromete a qualidade e expectativa de vida do individuo.



Hugo D. Campos





quarta-feira, 12 de setembro de 2012

DOR LOMBAR CRÔNICA E JIU JITSU

Grande parte dos praticantes de jiu jitsu convivem com dores nas costas, pincipalmente da região lombar. Isto ocorre devido a alta solicitação desta região durante a pratica deste esporte. Os movimentos bruscos de flexão, extensão e rotação de tronco são os grandes responsáveis pela sobrecarga das unidades funcionais da coluna lombar. O individuo que pratica jiu jitsu e possui alterações posturais aumenta a possibilidade de lesões já que, a sobrecarga postural pre existente se somará as altas solicitações próprias do esporte em questão. Estudos demonstram existir estreita relação entre a lombalgia crônica e o aumento da lordose lombar que pode estar relacionada com o encurtamento dos flexores do quadril e excessiva flexibilidade de isquiotibiais, além de várias outras possibilidades. As alterações posturais, podem causar disfunção de sua unidade funcional da coluna lombar, diminuição de suprimento metabólitos para o ânulo fibroso (camada externa do disco intervertebral) posterior, assim como sua compressão, diminuição do volume do canal espinhal, aumento da carga nas superficies das articulações apofisárias.
Atualmente, muitos atletas de diversos esportes incorporam o RPG (Reabilitação Postural Global) ao seu programa de treinamento, devido a sua capacidade de diminuir a incidência de lesões na coluna e outras articulações. 
É importante que o atleta tenha em mente que a dor é um sinal de que algo está errado. A dor lombar constante (com duração de mais de 3 meses) pode estar ligada a um processo degenerativo do disco intervertebral ou alguma outra estrutura da coluna.
Identifique qual movimento ou postura desencadeia um quadro doloroso e fale ao seu professor que aquele movimento lhe causa dores. Um bom professor entenderá o seu problema e lhe poupará de causar maiores danos a sua coluna.
Caso evite posturas e movimentos lesivos e mesmo assim as dores continuam, procure ajuda médica para que sejam solicitados exames radiológicos. Em alguns casos, a radiografia é suficiente para identificar alterações e lesões na coluna, caso o problema não fique totalmente evidente na radiografia, exames como ressonância nuclear magnética poderam ser solicitados. Normalmente, o médico recomendará repouso, uso de antiinflamatórios e fisioterapia. A fisioterapia não pode se limitar a eletro e/ou termoterapia (TENS e infra vermelho por exemplo), apesar destes métodos serem importantes aliados em diversos tipos de tratamentos dentro da fisioterapaia, eles não podem consistir em única forma de tratamento.
O tratamento fisioterapeutico da lombalgia crônica incia-se com uma boa avaliação e pode envolver alongamentos especificos, fortalecimento dos músculos estabilizadores profundos (estabilização segmentar), melhora da capacidade de ativação do sistema proprioceptivo, RPG, além de outros métodos e terapias como acupuntura, shiatsu, etc. que poderão auxiliar no tratamento.



Hugo D. Campos - Educador físico e fisioterapeuta especialista em treinamento desportivo e reabilitação postural global.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

O salto alto e a postura

O salto alto deixa a mulher mais elegante, porém seu uso deve ser limitado, pois pode causar alguns problemas posturais, gerando dores nas costas, joelhos, quadris, tornozelo, além de deformidades como o joanete.
Qualquer alteração em algum ponto do nosso corpo repercute em outro. O uso do salto alto causa compensações gerados pelo desvio do ponto de gravidade: A cabeça inclina-se para frente compensando a posteriorização dos ombros, ocorre aumento da lordose lombar, etc.
Como sempre falo para meus amigos, alunos e pacientes, nosso corpo não foi criado para realizar movimentos repetitivos, nem permanecer por muito tempo estático. O excesso e/ou a falta são prejudiciais para as estruturas do nosso corpo, sendo a coluna a região mais sensivel e dificil de ser tratada devido a função e complexidade de suas estruturas.
Nosso corpo precisa de equilibrio e neutralidade. A dica para as mulheres é: Varie o tipo de sapato no dia a dia, evite os sapatos com salto acima de 5 centimetros, assim como as rasteirinhas.
Nosso corpo sempre nos da sinais de que alguma coisa está errada. Esses sinais podem vir através de dores e, no caso dos sapatos com saltos, em forma de calos. Os calos indicam que aquela região do pé está sendo sobrecarregada. Normalmente, a região anterior do pé é a mais sobrecarregada com os saltos, devido a uma sobrecarga.
É comum, as mulheres que usam salto alto constantemente, sentirem dores lombares, isto ocorre devido a um aumento da lordose lombar por compensação da postura alterada pelo salto. Joelhos e quadris também são sobrecarregados. A ocorrência de entorses também é comum pela alteração do centro de gravidade e perda da sensibilidade da pisada. Quando o salto alto está associado ao sedentarismo e obesidade, os problemas aumentam bastante. Diabéticos nem pensem em usar salto alto, principalmente para os casos descompensados.
Nosso corpo sempre nos da sinais de que algo está errado, basta prestarmos atenção em nossos hábitos e atitudes que desvendaremos grande parte dos nossos problemas.
Abaixo. ilustração figura publicada pelo ortopedista Tulio Dinis: