sábado, 15 de dezembro de 2012

VIVEMOS MAIS, PORÉM COM MENOS QUALIDADE DE VIDA



ANOS A MAIS DE VIDA TEM MENOS QUALIDADE

Os anos a mais estão sendo vividos com menor qualidade de vida por causa de problemas de saúde.



O aumento da expectativa de vida da população mundial nos últimos 20 anos veio acompanhado de uma má notícia: os anos a mais estão sendo vividos com menor qualidade de vida por causa de problemas de saúde.

Um conjunto de estudos publicados ontem pela revista médica "Lancet" avaliou o impacto das doenças na população global. Pesquisadores de 50 países, Brasil inclusive, analisaram um grande volume de dados, como incidência de doenças, motivos de internação hospitalar e mortalidade em todos os cantos do mundo para produzir um retrato das condições de saúde em 2010.


Um dos artigos, liderado por Joshua Salomon, da Escola de Saúde Pública de Harvard, mostra o descompasso entre a vida longa e a vida saudável. O trabalho comparou as condições de saúde entre 1990 e 2010 em 187 países. Os resultados mostram que um ano a mais de vida corresponde, na verdade, a 0,8 ano vivido com saúde. E quanto mais a expectativa de vida aumenta, maior é o degrau entre a longevidade e a qualidade de vida.

Em 2010, a expectativa de vida saudável média era de 58,3 anos para um homem e de 61,8 anos para uma mulher. Em relação a 1990, isso representou um ganho de quatro anos com saúde, mas a expectativa de vida total cresceu bem mais nesse período (4,7 anos para eles e 5,1 anos para elas).

Isto é, todos vivem mais mas com menos qualidade. 


O problema, dizem os autores, é que os ganhos na saúde observados nas últimas décadas se deveram mais à redução da mortalidade infantil do que ao combate às doenças crônicas e suas consequências.


Transtornos mentais como a depressão são responsáveis por metade dos anos vividos com alguma sequela incapacitante, segundo os pesquisadores Alan Lopez e Theo Vos, da Universidade de Queensland, na Austrália.


A pressão alta é, agora, o maior fator de risco para doenças, causando 9,4 milhões de mortes em 2010, seguido pelo tabagismo e o consumo excessivo de álcool.


Os dados devem servir como alerta para a comunidade global, diz a equipe de Harvard. "As Metas do Milênio [estabelecidas pelas Nações Unidas] se concentraram na redução da mortalidade por causas específicas como HIV, tuberculose e malária. Enquanto isso, a prevalência de doenças incapacitantes mudou pouco."


Jarbas Barbosa, secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, afirma, no entanto, que o enfrentamento às doenças crônicas começa a ganhar a visibilidade devida. Ele lembra que, no ano passado, a ONU realizou uma reunião de cúpula para discutir o impacto das doenças crônicas e que, em maio de 2013, devem ser estabelecidas metas para o combate a doenças como câncer, diabetes e problemas cardíacos.


Segundo Barbosa, que foi entrevistado para a série de estudos, podem ser decididos requisitos para o acesso a exames de mamografia e câncer do colo do útero, redução no consumo de sal e mortalidade precoce.


"Se não atacarmos as doenças crônicas, as pessoas vão viver mais mas com sequelas de AVC (acidente vascular cebral), amputação por causa de diabetes, diálise." 


FONTE: FOLHA

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Efeitos da associação dos exercícios aeróbios e resistidos na melhora do desempenho cardíaco.

O envelhecimento causa perda de força e massa muscular, isto ocorre pela pela diminuição da área de secção transversal do músculo e perda de unidades motoras. A aptidão cardiorespiratória também sofre declínio devido a diminuição da frequência cardíaca e capacidade de ejeção máxima do coração durante o esforço, isto resulta em diminuição da quantidade de sangue que chega aos músculos. Desta forma, o VO2 max (capacidade de captar, transportar e metabolizar oxigênio nos músculos esqueléticos) do individuo declina, impedindo-o de manter a atividade por muito mais tempo sem que se instale um estado de  fadiga. Estas alterações são comuns ao envelhecimento, mas podem acentuar-se pelo sedentarismo, predispondo a pessoa a doenças cardiovasculares e outras cronico degenerativas.
Estudos recentes demonstram que a combinação de exercícios resistidos (musculação) e aeróbios pelo menos duas vezes por semana é capaz de diminuir a pressão arterial e frequência cardíaca em repouso, assim como sua rápida recuperação após o exercício. A rápida recuperação da frequência cardíaca após ao esforço está ligada a baixo risco de doença coronariana e cardiovascular. Devemos saber que os benefícios de um treinamento composto por exercícios resistidos e aeróbios dependem de sua regularidade e intensidade (que deve ser moderada). 




Referências:

-Mediano MFF, et al. Comportamento subagudo da pressão arterial após
treinamento de força em hipertensos controlados. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. 2005.

-Jacob W. Atividade física e envelhecimento saudável. Revista Brasileira de Educação Física. 2006.

- Locks RL, et al. Efeitos do treinamento aeróbio e resistido nas respostas cardiovasculares de idosos ativos. Revista Fisioterapia e Movimento. 2012.

domingo, 2 de dezembro de 2012

EVITE DORES NAS COSTAS CUIDANDO BEM DA SUA COLUNA



Nossos problemas posturais e a consequente dor nas costas normalmente teve início na infância, através das posturas inadequadas em sala de aula, da mochila pesada e mal ajustada ao corpo, etc. Portanto, a dor nas costas de hoje é fruto de posturas inadequadas realizadas dese a nossa infância e ao longo de nossas vidas. O grade erro das pessoas é lembrar da coluna quando sentem dores. O ideal é a prevenção através de bons hábitos posturais evitando assim uma velhice menos sofrida e limitada. 

Responsável pela sustentação e movimentação do corpo, a coluna vertebral une delicadeza e resistência. É delicada porque entre suas 33 vértebras passa a medula espinhal - estrutura sensível que funciona como canal de comunicação entre o cérebro e as demais partes do corpo. É resistente porque representa 40% do tamanho do ser humano e proporciona a flexibilidade e os movimentos realizados pelo corpo.

“A coluna é uma estrutura que tem de ser respeitada e utilizada adequadamente”, alerta José Goldenberg, autor do livro Coluna Ponto e Vírgula , especialista em doenças da coluna vertebral, professor livre-docente da Unifesp, reumatologista e membro do grupo de coluna do Einstein.
Segundo o reumatologista, 8 em cada 10 pessoas sofrem ou vão sofrer de dores na coluna ao longo da vida. E isso ocorre porque poucos têm a consciência corporal necessária para manter a postura correta.

As dores

É comum ouvir as pessoas queixarem-se de dor na coluna. Elas podem ser consequência de noites mal dormidas, vícios posturais e esforço acima do normal, entre outros Para facilitar a compreensão das dores e suas causas, foram divididas em três segmentos, correspondentes às partes da coluna:
  • lombar: localizada acima do quadril
  • dorsal: parte central das costas
  • cervical: fica entre a cabeça e o tronco
Dor lombar: está entre as dores que mais acometem o ser humano, perdendo apenas para a cefaleia. Atinge 80% da população adulta com menos de 45 anos. Chamada de lombalgia, afeta a coluna lombar e não é doença, mas um sintoma que pode ter mais de 50 causas diferentes.

Dor dorsal: menos frequente, apresenta características próprias. A dor acomete a região torácica posterior (região das costas).
Dor cervical: é caracterizada por dor e rigidez transitória na região entre o tronco e a cabeça e tem causas diversas. Costuma se manifestar mais em idosos, profissionais que executam atividades braçais ou que adotam vícios posturais.

Todas essas ações têm como protagonista a coluna. E cada vez que são realizadas de forma incorreta, prejudicam a postura e, consequentemente, a coluna. Esse desgaste, somado durante anos, pode resultar em problemas como a escoliose.Ao longo do dia, quantas vezes é preciso sentar, levantar, entrar e sair do carro, carregar sacolas pesadas ou pegar algum objeto que caiu no chão?
Há alguns fatores de risco que colaboram para causar dores na coluna:
  • Excesso de peso
    É o maior inimigo da coluna. Como explica o dr. Goldenberg em seu livro, ao aumentar 10 quilos do peso adequado, o risco para a coluna aumenta em 25%.
  • Sedentarismo
    A coluna agradece a prática de exercícios. Vários fatores fazem das atividades físicas grandes colaboradoras do corpo. Entre eles: fortalecimento muscular, aumento da flexibilidade e melhora da irrigação sanguínea das fibras musculares da região dorsal.
  • Carregar peso de forma excessiva
    Apoiar bolsas ou sacolas pesadas em um só lado do corpo pode agravar as dores na coluna.
  • Cigarro
    Tem substâncias que prejudicam a circulação sanguínea. A menor irrigação dos vasos nos discos vertebrais que protegem a coluna faz com que esses percam a maleabilidade. Como sua função é absorver os impactos que a coluna sofre no dia-a-dia, é como se ficássemos sem nosso “amortecedor” natural.
  • Idade
    É o único fator de risco que não pode ser alterado. As pessoas com mais de 60 anos têm mais chances de sofrerem de dores na coluna. O que pode ser feito é desenvolver a consciência corporal ao longo da vida.
  • Falta de consciência corporal
    Saber como levantar da cadeira e da cama, como se sentar adequadamente, como se vestir e até escovar os dentes e cortar os alimentos fazem parte da consciência corporal.
  • Reeducação Postural
    Adotar hábitos de vida saudáveis, como praticar atividades físicas, manter o peso adequado e não fumar colaboram para a saúde da coluna. Entretanto, boa parte das dores é causada por problemas de postura incorreta. Nesses casos, além dos hábitos saudáveis é preciso se valer da reedução postural.
Conheça as dicas dos especialistas em coluna do Einstein:
  • Sentar-se com conforto
    Apoie as costas no encosto da cadeira, de maneira que os joelhos fiquem acima do nível do quadril e os pés fiquem bem apoiados no chão. Se possível, use ainda apoio para os pés e prefira cadeiras com braços, pois não forçam a coluna e facilitam o ato de levantar.
  • Divisão de peso
    Na hora de carregar bolsas, malas e pacotes, divida os pesos igualmente nos dois lados do corpo. Levar tudo em um dos braços pode trazer complicações e dores na coluna.
  • Levantamento de objetos
    Para levantar qualquer objeto do chão, dobre os joelhos (fique de cócoras). Assim o peso será absorvido pelos músculos das pernas e não pela coluna vertebral. Jamais curve apenas as costas para alcançar e levantar qualquer objeto, mesmo os mais leves.
  • Entrar e sair do carro
    Tanto para entrar como para sair do automóvel fique sentado, gire as pernas e o tronco ao mesmo tempo (para dentro ao entrar; para fora ao sair do veículo). É importante evitar torcer as costas.
  • Máximo alcance
    Use banco ou escada sempre que o objeto estiver numa altura acima de sua cabeça. Nunca estique as pernas nem force a coluna para alcançar o que deseja.
  • Bem-vestido
    Vista as roupas sentado. Sua coluna agradece. Calçar meias e sapatos e mesmo vestir uma calça em pé, dobrando-se para frente, pode causar dores nas costas e na região lombar, devido à torção que a coluna precisa realizar.
  • Tratamentos
    É comum utilizar – e até abusar – de analgésicos, anti-inflamatórios e relaxantes musculares quando se trata de dores nas costas. Muitas vezes um desses medicamentos pode bastar para conter a dor. Entretanto, o indicado é sempre procurar um especialista: a dor pode esconder algum problema mais sério e, em todos os casos, descobrir sua origem é fundamental para evitar o agravamento da condição.
Referência: http://www.einstein.br/einstein-saude/bem-estar-e-qualidade-de-vida/Paginas/capa.aspx



segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Pesquisas recentes demonstram ineficácia da tração no tratamento da hérnia de disco lombar.

A tração lombar realizada por mesa de tração eletrônica tem, a princípio, o objetivo de tratar as hérnias discais. Esta técnica ficou famosa nos anos 70 e 80 e ainda hoje é bastante utilizada. Supostamente, a técnica tem o objetivo de aumentar os espaços foraminais ou do canal vertebral reduzindo a herniação, ou seja, fazer com que a hérnia retorne para dentro do núcleo do disco, deixando de pressionar raízes nervosas e medula. Porém, estudos recentes demonstram que seu efeito é apenas momentâneo.

Cochrane Collaboration, importante e conceituada entidade internacional que recebe colaboração de instituições cientificas da área da saúde de mais de 100 países, publicou uma revisão da literatura com 25 estudos e mais de 2000 pacientes, onde constatou-se a ineficiência da técnica de tração lombar realizada por equipamentos para portadores de com dor ciática, dor lombar aguda, sub aguda ou crônica. 
Os resultados dos estudos disponíveis que envolvem grupos misturados de pacientes agudos, sub-agudos e crônicos com a dor lombar com e sem a ciática eram completamente consistentes, indicando que a tração contínua ou intermitente como um único tratamento para a dor lombar não é provavelmente eficaz para este grupo. A tração para pacientes com ciática também não pode ser considerada eficaz tampouco, devido aos resultados incompatíveis e aos problemas metodológicos na maioria dos estudos.
A técnica milagrosa para as lombalgias, principalmente as crônicas ainda não existe. Muita gente vende esta idéia e acaba frustando seu paciente, pois na maioria dos casos,  a melhora é momentânea com as dores retornando após algumas horas ou dias. O tratamento dos problemas lombares é complexo e exige uma abordagem com técnicas variadas e especificas para cada caso. A aquisição de bons hábitos de vida e posturas adequadas  tem fundamental participação no sucesso do tratamento das lombalgias.

Na figura abaixo, a ilustração da técnica de tração lombar com máquina de tração:




domingo, 11 de novembro de 2012

FASCIA TÓRACO LOMBAR E ESTABILIZAÇÃO LOMBAR

Cerca de 70 a 80% da população dos países industrializados já apresentou algum tipo de dor lombar pelo menos uma vez na vida. Vários fatores podem predispor o individuo as dores lombares. Atividades físicas mal orientadas assim como posturas inadequadas no lar ou no trabalho que incluem flexão de tronco ou manutenção de posturas únicas são as maiores causadoras dos incômodos lombares.
A prevalência da dor lombar aumenta após os 25 anos de vida, com um pico na faixa etária entre 50 a 60 anos. Homens e mulheres são afetados de forma semelhante.
A região lombar é responsável pela acomodação de cargas provenientes do peso corporal e forças externas aplicadas sobre suas estruturas. É uma região que deve ser ao mesmo tempo forte e rígida para realizar adequadamente suas funções. Para isto, existem mecânismos que garantem a manutenção do alinhamento das vértebras. Quando estes mecanismos entram em desequilibrio, ocorre a instabilidade, que sobrecarrega as estruturas locais, originando a dor.
A fáscia tóraco lombar (FTL) é uma forma de invólucro aponeurótico, forte e complexo, que atua como um imenso ligamento conectando as costelas, vértebras e sacro. Envolve os músculos da coluna lombar, formando três compartimentos: anterior, médio e posterior.  Mantem conexão principalmente com o oblíquo interno,  externo, grande dorsal, quadrado lombar, transverso abdominal e glúteo máximo.  Sua camada posterior envolve os músculos posteriores da coluna da região sacral até a fáscia nucal. A FTL é uma estrutura passiva, que devido à sua conexão com os diversos grupos musculares, comporta a função de suporte mecânico e participa dinamicamente no mecanismo de estabilização lombar.



A fascia tóraco lombar é capaz de promover um suporte passivo suficiente para diminuir em até 55% o stress sobre a coluna lombar durante a flexão de tronco. Durante a realização de movimentos ela exerce manutenção do alinhamento do tronco. Na rotação de tronco, realiza a distribuição de forças entre a coluna, pelve e pernas, proporcionando estabilidade para a região lombar baixa.
Em um estudo realizado por Bednar et al (1995) comprovou-se a existência de focos de calcificação e pré-calcificação em amostras de fáscias de cadáveres, com história de dor lombar mecânica crônica. Essas amostras também apresentaram hipertrofia multilâminar. Diante das anormalidades patoanatômicas encontradas, confirmou-se a importância da FTL como componente ativo na coluna lombar.
No sistema ativo, FTL age indiretamente pela ação dos músculos que a tencionam, por estarem diretamente conectados a ela, são eles: grande dorsal, transverso abdominal, obliquo interno, obliquo externo, glúteo máximo e quadrado lombar.
A FTL também atua no sistema neural por possuir papel proprioceptivo na prevenção de lesões controlando o deslocamento e posicionamento vertebral.
O tônus fasciaL é regulado pelo sistema nervoso autônomo. O pH corporal desempenha um importante papel na tensão fascial, já que um pH muito alcalino cria vasoconstrição e um tônus muscular aumentado. O pH corporal pode ser influenciado por um aumento nos níveis de stress, pois este é responsável pelas alterações na respiração, causando alterações no CO2 expirado. Técnicas como meditação e relaxamento podem ajudar o individuo a respirar de forma adequada e controlar o stress. Para atletas, é fundamental saber administrar o stress durante os treinos e antes das competições. O PH corporal adequado previne lesões e melhora o rendimento.
No sistema passivo a lâmina profunda da camada posterior apresenta importante papel ligamentar na resistência a flexão. Devido ao importante papel da FTL no mecanismo de estabilização lombar, o homem tem a capacidade única de elevar objetos pesados acima da cabeça e de estabilizar o tronco para lançá-los em alta velocidade. A capacidade estabilizadora segmentar da FTL ocorre devido a sua íntima ligação com os músculos lombares.
O transverso abdominal está inserido na FTL fornece estabilidade a toda coluna lombar e tem papel importante na estabilização segmentar de rotação e translação do tronco. Este mecanismo ocorre devido a elevação da pressão intra-abdominal e tensionamento da FTL. Estudos mostram que o transverso abdominal é contraído antes da perturbação do tronco ou movimento rápido e multidirecional dos membros. Uma ativação atrasada desses músculos determina falha na estabilização, este fato está relacionado a  pacientes com lombalgia crônica.


 O músculo glúteo máximo age em conjunto com a FTL para iniciar o movimento de extensão da coluna, partindo de uma posição completamente fletida.
O músculo grande dorsal apresenta ação, via tensão da camada posterior da FTL.Devido a esta conexão há uma melhora do mecanismo de alinhamento lombopélivico.
Apesar de todas as comprovações é importante salientar que a atuação da FTL é complementar no mecanismo de estabilização lombar, pois por ser uma estrutura passiva não apresenta suporte mecânico isolado suficiente para estabilizar a coluna quando forças externas são aplicadas.
A FTL participa do mecanismo de estabilização lombar em situações dinâmicas, porém não deve ser superestimada. Uma estabilização adequada depende do sinergismo entre os mecanismos passivo, ativo e neural. Logo, a reabilitação de pacientes lombálgicos deve se basear em atividades que aprimorem a função de cada um dos componentes deste complexo mecanismo de estabilização.


RERERÊNCIAS:

Schleip R, Klinger W, Lehmann-Horn F. Fascia is able to contract in a smooth muscle-like manner and therby influence musculoskeletal mechanics, 2006. 


Craig Liebenson. Journal of Bodywork and Movement Therapies (2004) 8, 43–45

BISSCHOP, Pierre. Instabilidade Lombar : Implicações para o Fisioterapeuta. Revista Terapia Manual. –Vol I, Nº 4 - abril/junho.

COX, James M. Dor Lombar: Mecanismo, diagnostico e tratamento. 6ª ed. Manole: São Paulo, 2002.

COX, JM. Reabilitação do paciente com Dor Lombar. In: Cox JM. Dor lombar: Mecanismos, diagnóstico e tratamento. 6ºed. São Paulo: Monole, 2002.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

A "ESCOLA DA COLUNA" COMO ALIADA NO TRATAMENTO DA LOMBALGIA CRÔNICA

Considero a "Escola da Coluna", a mais completa forma de tratamento e prevenção da lombalgia crônica e outras algias que afetam as regiões da coluna vertebral. A dor nas costas normalmente surge e se perpetua graças  as posturas incorretas no trabalho, em casa ou até por atividade física inadequada e/ou excessiva. Devemos considerar a dor como a maior aliada da vida. Sem a dor, não sobreviveríamos por muito tempo, ela nos avisa de que algo está errado com nosso corpo. A primeira e mais importante etapa do tratamento está em identificar o que está causando as dores. A partir do momento que o mecanismo de lesão e sobrecarga as estruturas da coluna é identificado, o paciente passa a se beneficiar do restante do tratamento que irá reabilitar a coluna como um todo. Qualquer técnica fisioterapeutica ou uso de medicamentos será ineficaz sem a educação postural, disciplina e colaboração do paciente.


A "Escola de Coluna" foi criada na Suécia em 1969, pela fisioterapeuta Mariane Zachrisson-Forssell. As aulas eram ministradas por fisioterapeutas para um número reduzido de alunos e consistiam de lições básicas sobre anatomia e funcionamento da coluna, aulas sobre exercícos de relaxamento, fortalecimento dos músculos abdominais e pernas, atividade física regular e moderada. O aluno tambem aprendia a identificar as posições potencialmente lesivas e posturas adequadas em casa e no trabalho. Este trabalho dava ao aluno da "Escola da Coluna" todas as ferramentas necessárias para viver de bem com sua coluna.  
No Brasil, a "Escola de Postura", foi introduzida em 1972 no Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo por Knoplich, a partir da observação de que no Departamento de Ortopedia mais de 80% dos pacientes tinham queixas de dor crônica na coluna, o que aumentava a demanda tanto no atendimento médico, como na fisioterapia. Knoplich observou que os resultados eram inferiores quando as aulas eram ministradas a grandes grupos. Em 1978, Knoplich publicou o livro Viva bem com a coluna que você tem, onde foi enfatizada a aplicação da "Escola de Postura"; em 1991, difundiu uma coleção audiovisual nas empresas. 
Em 1990, o programa de "Escola de Postura" da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e em  1993, a Universidade Federal de São Paulo (Escola Paulista de Medicina) criou seu programa de "Back School" que denominou de "Escola de Coluna", voltada principalmente para pacientes com lombalgia crônica. Em 1994, a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) iniciou sua proposta de "Back School" denominada "Escola das Costas", cujo programa foi dirigido para pacientes com dor em todos os segmentos da coluna (cervical, dorsal e/ou lombar), podendo ser crônica ou aguda, composto de cinco aulas com duração de 50 minutos, com grupos formados por até 20 pacientes.


Vários estudos foram realizados na tentativa de validar a Escola da Coluna como um método eficaz para o tratamento da lombalgia crônica, porém vale ressaltar os realizados por Moffet et al. e Linton et al., pela alta qualidade metodológica. O trabalho realizado por Moffet et al, mostrou que todos os individuos que recebiam exercícios de fortalecimento dos músculos abdominais e quadriceps sem as orientações e lições posturais da " Escola da Coluna" voltavam a ter dor e incapacidade funcional. Nesse estudo, os autores sugerem que pacientes com lombalgia crônica se beneficiariam com programas de educação postural, tal como é oferecido com a "Escola de Coluna". Portanto, esse estudo demonstra a importância dos exercícios específicos no tratamento das algias de coluna como também da educação do paciente para manutenção da melhora clínica.
O estudo de Linton et al., foi realizado com dois grupos de mulheres auxiliares de enfermagem, um grupo (experimental) realizava atividades físicas variadas, terapias comportamentais e aulas de "Escola da Coluna", principalmente no que diz respeito aos cuidados posturais na transferência de pacientes e outras atividades laborais que podem sobrecarregar as estruturas da coluna; o outro grupo (controle), não recebeu qualquer orientação. Ao final, os autores concluíram que o grupo da "Escola de Coluna" teve melhora significante em relação ao grupo controle nos parâmetros: intensidade da dor, ansiedade, qualidade de sono e fadiga, com manutenção da melhora após seis meses. Os autores sugerem que programas de prevenção secundária, que alteram fatores de estilo de vida, podem representar um método eficaz para lidar com problemas de dor musculoesquelética. Os dados satisfatórios desse estudo podem estar relacionados à associação do programa clássico de "Escola de Coluna" com outras técnicas como exercícios aeróbicos e terapia comportamental, importante no controle da dor.


Referências:

Caraviello, et al. Actafisiatrica, 2005. Avaliação da dor e função de pacientes com lombalgia tratados com um programa de Escola de Coluna.

Andrade, et al. “Escola de Coluna”: Revisão Histórica e Sua Aplicação
na Lombalgia Crônica.

Moffett, S. McLean, Rheumatology, 2006 - Soc Rheumatology. The role of physuoterapy inthe management of non-specific back pain and neck pain.


sábado, 20 de outubro de 2012

Estimulação cerebral profunda no Mal de Parkinson

A doença de Parkinson normalmente se desenvolve entre 55 e 65 anos de idade e ocorre em 1 a 2% das pessoas com idade acima de 60 anos. Cerca de 0,3% da população em geral é afetada, e a prevalência é maior entre os homens do que as mulheres, com uma relação de 1,6 para 1,0. O mal de Parkinson está associada com a degeneração das células situadas numa região do cérebro chamada substância negra. Essas células produzem uma substância chamada dopamina, que conduz as correntes nervosas (neurotransmissores) ao corpo. A falta ou diminuição da dopamina afeta os movimentos do paciente.As manifestações motoras da doença geralmente incluem tremor de repouso, voz suave, letra pequena (micrografia), rigidez (rigidez), lentidão de movimentos (bradicinesia), passos arrastados, e dificuldades com o equilíbrio. Um sintoma clássico é tremor, embora 20% dos pacientes não possuam. Doença de Parkinson também tem uma infinidade de manifestações não motoras, incluindo distúrbios do humor (por exemplo, ansiedade, depressão e apatia), cognição (dificuldades de memória e demência) e distúrbios do sono (apneia do sono ), assim como a disfunção autonômica (disfunção sexual, problemas digestivos, e ortostase).


A estimulação cerebral profunda envolve a implantação de eléctrodos em um dos núcleos dos gânglios da base e pode resultar em melhora significativa para alguns dos sintomas da doença de Parkinson.
A estimulação cerebral foi aprovada pela Food and Drug Administration (FDA) em 2002, como terapia auxiliar na redução de alguns dos sintomas avançados na doença de Parkinson que não são adequadamente controlados com medicação. Normalmente, sintomas como tremores e discinesia (movimentos repetitivos involuntários) são mais susceptíveis de melhora com a estimulação cerebral profunda, ao passo que deficiências na marcha, o equilíbrio e da fala são menos susceptíveis de melhora e pode, em alguns casos, piorar.

Entre os eventos adversos mais preocupantes associados a colocação de eletrodos para a estimulação cerebral profunda são infecção e hemorragia intracraniana. Recentemente, as taxas de infecção com necessidade de nova cirurgia são entre 1,2 a 15,2%. A ocorrência de Infecções, frequentemente exigem a remoção do eletrodo e um período de tratamento com antibióticos antes da sua recolocação. Em uma extensa revisão da literatura, a taxa de hemorragia intracraniana foi calculada em 5%, sendo que óbitos ocorreram em apenas 1,1%. Convulsões pós-procedimento também foram relatados, com uma incidência estimada de 2,4%. Os efeitos neurológicos colaterais na estimulação cerebral profunda incluem déficit cognitivo, déficit de memória, dificuldades com a fala, desequilíbrio, disfagia, deficit motor e distúrbios sensoriais. Efeitos colaterais emocionais ou psicológicos têm incluído depressão, apatia, riso sem causa aparente, choro, pânico, medo, ansiedade e pensamento suicida.

Fonte: The New England Journal of Medicine.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

ESPONDILOARTRITES - ESPONDILITE ANQUILOSANTE



As espondiloartrites englobam um grupo de doenças inflamatórias da coluna com envolvimento inflamatório dos ligamentos e tendões nas interfaces entre o osso e a cartilagem articular (entesites). Afeta coluna lombossacra, membros inferiores, região de tendão de Aquiles e calcanhar, além de membros superiores, e eventualmente pele, olhos e trato genitourinário e gastrointestinal.
Faz parte deste grupo de doenças a espondilite anquilosante, artrite reativa, artrite psoriásica, artrite relacionada a doenças inflamatórias intestinais como o Crohn e a retocolite ulcerativa e as espondiloartrites indiferenciadas. Fatores genéticos (interação familiar), ambientais e infecciosos contribuem para que a doença se manifeste. A inflamação da articulação sacroilíaca da bacia ou sacroiliíte é comum nessas patologias. 

A ESPONDILITE ANQUILOSANTE (EA): Destaca-se pelo acometimento primário da coluna vertebral com dor (lombalgia) e das articulações sacroilíacas. Entesites de inserções ligamentares e tendíneas, artrite periférica, geralmente assimétrica, preferencialmente de membros inferiores, como tornozelos, coxofemurais e joelhos são comuns, e mais raramente de membros superiores, principalmente ombros. Afeta mais pacientes do sexo masculino, com idade de início antes dos 40 anos. A dor na coluna ou lombalgia é de difícil localização irradiando-se para a região glútea, tem início insidioso, duração maior que 3 meses, rigidez matinal e melhora com exercício e piora com o repouso. Após alguns meses torna-se persistente, com rigidez e sensação dolorosa difusa na região lombar baixa. A dor pode acordar o paciente durante o sono, muitas vezes obrigando-o a executar algum exercício para diminuí-la e com rigidez concomitante, comum nas fases avançadas da doença. Com a evolução do quadro e se não for diagnosticada e tratada de forma adequada, pode haver redução dos movimentos da coluna vertebral levando à sua fusão ou anquilose, daí o nome da doença: espondilite anquilosante. A doença deverá ser suspeitada em todo indivíduo do sexo masculino, jovem e com dores lombares que piorem pela madrugada.  



ALGUNS CRITÉRIOS QUE PODEM AJUDAR NO DIAGNÓSTICO:
 
- Dor lombar, com mais de três meses de duraçãoe que não aliviada com o repouso;
- Dor e rigidez na região torácica;
- Limitação da expansibilidade torácica;
- Limitação de movimento (flexão) da coluna lombar;
- Historia ou evidencia de irite ou suas seqüelas.

- Sacroileite bilateral, característica da espondilite anquilosante.

TRATAMENTO FISIOTERAPEUTICO:. 
  • Tecido fibroso é continuamente depositado nas articulações como resultado de uma grande inflamação e a fisioterapia juntamente com exercícios regulares bem orientados moldam este tecido fibroso que é depositado ao longo das linhas de pressão evitando a restrição de movimentos do paciente. 
  • A fisioterapia engloba o uso de TENS, Ultrassom, Ondas Curtas, Fes, Infra Vermelho, Cinesioterapia, Alongamentos, RPG, Osteopatia, exercícios respiratórios, ergonomia, etc.








     

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

TENDINITE CALCIFICANTE DO MÚSCULO SUPRA ESPINHAL

O complexo do ombro funciona como unidade integrada envolvendo uma complexa relação entre suas várias estruturas. 
A articulação glenoumeral é uma articulação diartrodial sinovial verdadeira que conecta a extremidade superior ao tronco, como parte da cadeia cinética superior. É formada pela parte umeral superior e pela cavidade glenóide da escápula.
A articulação glenoumeral é descrita como uma articulação de encaixe tipo bola e soquete. A cabeça do úmero forma a metade de uma bola ou esfera, enquanto a cavidade glenoidal forma o soquete. A cavidade glenoidal é plana e cobre somente de um terço a um quarto da área da cabeça do úmero. Esse arranjo permite grande mobilidade, mas pouca estabilidade articular.
Entretanto, a cavidade glenoidal torna-se cerca de 50% mais profunda e mais côncava por um anel de fibrocartilagem chamado de lábio glenoidal, o qual forma parte da superfície articular e está inserido na margem da cavidade glenóide e na cápsula articular. O lábio aumenta a estabilidade da articulação por acrescentar 75% vertical e 56% transversalmente à área de contato da cabeça umeral.
O ombro possui mecanismos de estabilização. Esses mecanismos são tanto dinâmicos quanto estáticos. O mecanismo dinâmico inclui os músculos do manguito rotador (supraespinhal, infraespinhal, redondo menor e subescapular) e vários acopladores de força muscular. Os estáticos incluem os reforços da cápsula articular, coesão e geometria articular e suporte ligamentar.
O músculo supra espinhal é um componente de translação superior, e não inferior encontrado como os outros músculos do manguito. O supra espinhal é muito efetivo como estabilizador da articulação glenoumeral, agindo como uma força compressiva.
O supra espinhal é responsável por cerca de 50% do torque que ocorre na abdução do ombro e na flexão, com o deltóide sendo responsável pelos restantes 50%. À medida que o peso do braço traciona o membro para baixo, a força do supra espinhal o puxa levemente para cima da horizontal, auxiliando a condução da cabeça umeral e produzindo abdução do membro superior.
O supra espinhal é freqüentemente mais acometido por causa da localização precária abaixo do acrômio anterior, por possuir extensões dentro do tendão infra-espinhoso e suprimento sanguíneo inadequado nesta área, mais vulnerável às alterações de pressão.
A tendinite calcificante do supra espinhal é ainda uma disfunção que envolve controvérsias quanto à causa e patogênese. Isquemia como resultado da hipovascularização na chamada zona crítica do manguito rotador, degeneração dos tendões e distúrbios metabólicos foram todos sugeridos como possíveis causas.



Segundo Bosworth, (1994), o ombro é a articulação que mais sofre deposição de cálcio no corpo humano. Ambos os ombros estão envolvidos em 20 a 30% dos pacientes com tendinite calcária. A tendinite calcária é mais encontrada no sexo feminino, na sexta década de vida e no lado dominante.
Uhthoff (1996), sugeriu a divisão da tendinite calcária em quatro estágios: a fase pré-calcificação, a fase formativa, a de reabsorção e fase póscalcificação. A primeira não está, em geral, associada com sintomas. Na fase formativa, os depósitos de cálcio cristalizam-se com inflamação mínima. A dor é leve e autolimitada. Na fase de reabsorção, o material calcificado muda de consistência sólida para pastosa ou líquida. A dor no ombro é sentida com mais freqüência, a qual pode ser grave e desenvolver-se de forma abrupta. Novos canais vasculares passam a formar uma via de reabsorção, restaurando assim a perfusão e tensão normal de oxigênio nos tecidos. Durante os episódios agudos de dor no ombro, fica limitada a amplitude de movimento ativo e passivo. A fase final é caracterizada por abrandamento dos sintomas. Uhthoff (1996), considera também que o curso da doença é cíclico, com reabsorção espontânea e posterior reconstituição do tendão.
O quadro clinico é caracterizado por dor intensa, de natureza pulsátil e não aliviada pelo repouso. A rápida deposição de cálcio em um espaço confinado dentro da substância do tendão do supra espinhal é a causa do aumento da pressão local e à medida que se expande, irrita a superfície inferior da bursa subacromial e produz uma bursite secundária, com agravamento da dor. Entretanto, se o deposito de cálcio desloca-se para dentro da bursa subacromial, a qual tem um bom suprimento sanguíneo, esse é gradualmente absorvido e os sintomas desaparecem.

TRATAMENTO


O tratamento conservador implica em repouso na fase aguda, Fisioterapia e uso regular de medicamentos como analgésicos eantiinflamatórios. O repouso é indicado por reduzir o trauma repetitivo que possa estar causando o problema. O ambiente e os hábitos que provocam os sintomas devem ser modificados através de orientações dadas pela equipe de saúde ao paciente. A Fisioterapia abrange a Estimulação Nervosa Elétrica Transcutânea (TENS), aplicações de ultra-som terapêutico com diferentes modulações, crioterapia e cinesioterapia.

A Estimulação Nervosa Elétrica Transcutânea (TENS) é utilizada para controle da dor, desde que essa já tenha sido previamente diagnosticada.
 A maneira pela qual o ultra-som estimula a reabsorção de depósitos de cálcio não foi ainda estabelecida. Acredita-se que isso possa estimular o acúmulo das células mononucleares sanguíneas periféricas pela ativação das células endoteliais, ou agir indiretamente, aumentando os níveis de cálcio intracelular. Em intensidades mais altas, engatilha ou acelera o rompimento dos microcristais, como a apatita. A aparência desses pequenos cristais de cálcio pode, então, estimular macrófagos para remover as calcificações por
meio da fagocitose. 

A Cinesioterapia envolve protocolos de exercícios como alongamentos, fortalecimentos musculares, mobilizações articulares e pode ser realizada de acordo com a fase da doença (aguda ou crônica). Tais atividades podem ser executadas em contrações do tipo isométrica, isotônica concêntrica e excêntrica e em angulações que devem progredir durante o tratamento (0º em plano longitudinal, 45º em plano oblíquo escapular, 45º em plano frontal e em uma fase sem dor 90º sagital e frontal).
A Crioterapia consiste em aplicações de compressas de gelo na região afetada com efeitos de analgesia.
Os movimentos de rotação externa e elevação do ombro são prioridades máximas, e devem estar no mesmo nível de prioridade do alívio da dor. Os exercícios pendulares são preconizados para diminuição da dor e para manter a integridade articular, prevenindo que a posição de proteção antálgica cause capsulite adesiva na articulação acometida pela tendinite calcária.

Exercícios pendulares:

O tratamento com antiinflamatórios e infiltração de corticóides (hidrocortisona, adrenocorticoesteróides, lidocaína) pode ser necessário para aliviar a dor e restaurar a função do ombro em alguns pacientes, mas não em todos. Entretanto, em certos casos, há a indicação de tratamento cirúrgico.
Gschwend et al. (1981), propõem os seguintes critérios de indicação cirúrgica:
1) Progressão dos sintomas;
2) Dor constante, interferindo com as atividades de vida diária;
3) Ausência de melhora dos sintomas através do tratamento conservador.

O tratamento artroscópico é aplicado na intenção de evitar complicações descritas após cirurgia aberta, como a rigidez articular, infecção ou problemas com a inserção do músculo deltóide, permitir completa visualização articular e possibilita a reabilitação precoce.
O tratamento cirúrgico apresenta-se como método eficaz para o tratamento da tendinite calcária do ombro resistente ao tratamento conservador.

sábado, 29 de setembro de 2012

O papel da família e da escola na construção de relacionamentos sociais


Nas últimas décadas tem havido uma inequívoca tensão nos núcleos familiares. Os pais têm cada vez menos tempo para convivência com os filhos, o nível de desemprego se elevou, a instabilidade social cresceu, as taxas de divórcios e separações são cada vez maiores e o aumento da mobilidade vêm provocando uma sensação de desenraizamento nas pessoas. O núcleo familiar no qual as crianças vem sendo criadas é bastante restrito, limitando-se a seus pais e irmãos. Esse fato faz com que as mesmas conheçam e convivam muito pouco com a família maior, resultando em uma certa indiferença no seu relacionamento com os demais parentes. É difícil, nas grandes cidades, uma convivência íntima entre tios, primos e, lamentavelmente, até com os avós (figuras tão importantes no desenvolvimento das crianças). Esses fatores somados causam uma diminuição das fontes estáveis, que colaboram para a construção dos relacionamentos sociais, provocando uma ascensão do individualismo. Tudo isso gera um indiscutível incremento no estresse da família nuclear. Nesse sentido, nossas crianças estão mais dependentes de apoios da comunidade, de instituições que representem lugares adicionais de segurança, amparo e esperança, que ofereçam figuras identificatórias confiáveis.


Dentre esses lugares comunitários de força e estrutura, estão incluídos os que propiciam a crença em um ser superior e a confiança no ambiente escolar. Para melhor compreendermos esse aspecto, podemos citar o exemplo de quando a criança se defronta com um desafio importante, e momentaneamente fracassa – ela pode se frustrar de maneira significativa. No entanto, se possuir uma crença, acreditar na comunidade familiar e na escola, tenderá a sentir esse fracasso como derrota temporária, e não como um fracasso vital e duradouro que envolve todo o seu ser. Na ausência dessa grande comunidade, é freqüente a criança se tornar vulnerável e deixar que uma derrota momentânea se transforme em um tormento permanente. Não devemos perder de vista que a construção de ambientes que transmitam confiança e a reconstrução da grande família são de vital importância para o desenvolvimento saudável das crianças, favorecendo-as na busca incessante da felicidade, que é uma busca própria do ser humano.


 Desnecessário é dizer que a comunidade escolar ganha uma importância cada vez maior como espaço confiável para nossas crianças, não apenas como fonte de aquisição do saber, mas principalmente como lugar para se viver. Não é incomum que, ao perguntarmos as nossas crianças quem são seus melhores amigos, nos sejam apresentados seus amigos de escola. A comunidade escolar cada vez mais se aproxima, no imaginário infantil, do espaço ocupado anteriormente pela grande família: é lá que a criança encontra e convive com tias, por exemplo. Nada nos impede de reatar os laços na grande família original, mas, na medida em que a escola ocupe grande parte desse lugar na mente infantil, devemos estar atentos para que ela possua valores como sabedoria, afetividade, fé e capacidade de acolhimento, que são desejáveis em qualquer boa família e em qualquer comunidade estruturada, saudável e sentida como agradável.

Fonte: Revista do Professor

sábado, 22 de setembro de 2012

Escoliose - O desvio postural mais comum entre escolares

Postura é definida como a posição corporal adotada pelo ser humano. A postura adequada é aquela onde há um perfeito equilíbrio entre as estruturas corporais. As posturas inadequadas produzem sobrecarga e desgastes das estruturas de suporte, gerando dores
A escoliose é uma deformidade que surge na infância e adolescência, afetando mais as meninas que os meninos. Ela se apresenta tanto no plano frontal quanto no lateral onde o corpo vertebral gira para o lado convexo e o processo espinhoso para o lado côncavo.  As
costelas acompanham a rotação vertebral, girando para trás e para cima no lado convexo, e
para frente no lado côncavo. 



O início da vida escolar marca um momento de descobertas e desafios para a criança, porém os longos períodos sentado de forma incorreta e o transporte de mochilas inadequadas e pesadas causam alterações na postura que o individuo carregará por toda a sua vida se não for diagnosticada e tratada a tempo.As causas da escoliose não são muito especificas, porém sabe-se que as más posturas durante o período de desenvolvimento corporal predispõe o individuo ao seu surgimento, manutenção e agravamento. 
Em países desenvolvidos já existem trabalhos no sentido de previnir as alterações posturais entre escolares. Atualmente, a Secretaria de educação da Prefeitura Municipal de Guarujá conta com o Projeto Boa Postura - Escola saudável, que é realizado nas escolas municipais de educação infantil e tem o objetivo de melhorar a relação do aluno com o ambiente escolar do ponto de vista postural. O descuido com a postura, muitas vezes, vem do desconhecimento do que é certo ou errado na hora de sentar, brincar, utilizar a mochila, etc.
Howard et al., alertam que as alterações posturais sem tratamento progridem substancialmente durante a vida adulta, causando aumento da deformidade que consequentemente compromete a qualidade e expectativa de vida do individuo.



Hugo D. Campos





quarta-feira, 12 de setembro de 2012

DOR LOMBAR CRÔNICA E JIU JITSU

Grande parte dos praticantes de jiu jitsu convivem com dores nas costas, pincipalmente da região lombar. Isto ocorre devido a alta solicitação desta região durante a pratica deste esporte. Os movimentos bruscos de flexão, extensão e rotação de tronco são os grandes responsáveis pela sobrecarga das unidades funcionais da coluna lombar. O individuo que pratica jiu jitsu e possui alterações posturais aumenta a possibilidade de lesões já que, a sobrecarga postural pre existente se somará as altas solicitações próprias do esporte em questão. Estudos demonstram existir estreita relação entre a lombalgia crônica e o aumento da lordose lombar que pode estar relacionada com o encurtamento dos flexores do quadril e excessiva flexibilidade de isquiotibiais, além de várias outras possibilidades. As alterações posturais, podem causar disfunção de sua unidade funcional da coluna lombar, diminuição de suprimento metabólitos para o ânulo fibroso (camada externa do disco intervertebral) posterior, assim como sua compressão, diminuição do volume do canal espinhal, aumento da carga nas superficies das articulações apofisárias.
Atualmente, muitos atletas de diversos esportes incorporam o RPG (Reabilitação Postural Global) ao seu programa de treinamento, devido a sua capacidade de diminuir a incidência de lesões na coluna e outras articulações. 
É importante que o atleta tenha em mente que a dor é um sinal de que algo está errado. A dor lombar constante (com duração de mais de 3 meses) pode estar ligada a um processo degenerativo do disco intervertebral ou alguma outra estrutura da coluna.
Identifique qual movimento ou postura desencadeia um quadro doloroso e fale ao seu professor que aquele movimento lhe causa dores. Um bom professor entenderá o seu problema e lhe poupará de causar maiores danos a sua coluna.
Caso evite posturas e movimentos lesivos e mesmo assim as dores continuam, procure ajuda médica para que sejam solicitados exames radiológicos. Em alguns casos, a radiografia é suficiente para identificar alterações e lesões na coluna, caso o problema não fique totalmente evidente na radiografia, exames como ressonância nuclear magnética poderam ser solicitados. Normalmente, o médico recomendará repouso, uso de antiinflamatórios e fisioterapia. A fisioterapia não pode se limitar a eletro e/ou termoterapia (TENS e infra vermelho por exemplo), apesar destes métodos serem importantes aliados em diversos tipos de tratamentos dentro da fisioterapaia, eles não podem consistir em única forma de tratamento.
O tratamento fisioterapeutico da lombalgia crônica incia-se com uma boa avaliação e pode envolver alongamentos especificos, fortalecimento dos músculos estabilizadores profundos (estabilização segmentar), melhora da capacidade de ativação do sistema proprioceptivo, RPG, além de outros métodos e terapias como acupuntura, shiatsu, etc. que poderão auxiliar no tratamento.



Hugo D. Campos - Educador físico e fisioterapeuta especialista em treinamento desportivo e reabilitação postural global.