domingo, 19 de agosto de 2012

Artigos cientificos - Cuidado com o que lemos!

Nem tudo que reluz é ouro!! Infelizmente, os interesses economicos e corporativos imperam em todas as áreas e na área da saúde não é deferente. 
Ao pesquisarmos sobre um patologia, por exemplo, ( principalmente na internet) devemos ter o cuidado de ler o maior número de trabalhos publicados recentemente sobre o assunto e comparar o que diferentes autores constataram em seus trabalhos. 
Em matéria levada ao ar pelo fantástico em 05/08, veio a tona a moda (ou industria) do antienvelhecimento, onde médicos oferecem tratamentos hormonais condenados pelo Conselho federal de medicina (cinco médicos já foram cassados). A industria do suplemento alimentar também é fortíssima e muitas empresas divulgam resultados de seus suplementos sem nenhuma comprovação cientifica, também não falam sobre os maleficios hepáticos renais, etc, causados pelo uso continuo de determinadas substâncias.
Em uma pesquisa realizada nos EUA, foi observado que cientistas são excluídos de artigos ou assinam trabalhos dos quais não participaram. Para especialistas, fraude de dados e conflitos de interesse com a indústria também preocupam. Um em cada cinco artigos científicos das principais revistas médicas do mundo tem problemas de autoria. O dado é de um estudo da Associação Médica Americana que analisou seis periódicos de prestígio: "Annals of Internal Medicine", "Jama", "Lancet", "Nature Medicine", "New England Journal of Medicine" e "PLoS Medicine". Foram encontrados casos de autores "fantasma" (que participaram do trabalho, mas não são citados) ou indevidos (que assinam a pesquisa sem ter contribuído). Essas práticas são condenadas pela ética científica. Manuais recentes das principais agências de financiamento à ciência do mundo determinam que deva ser autor ou coautor de artigos quem contribuiu significativamente para o trabalho. "O fato de um indivíduo ter usado um laboratório que você coordena para fazer um experimento não quer dizer que você será coautor do trabalho dele", exemplifica Mário José Abdalla Saad, diretor da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. Para ele, embora existam normas claras para identificar autores e coautores das pesquisas, ainda há uma espécie de "zona cinzenta". "Uma pessoa pode ter participado de maneira 'braçal' de uma pesquisa de modo decisivo. É preciso ter bom-senso para definir a autoria." O levantamento dos dados da Associação Médica Americana foi feito por um questionário respondido por e-mail por 630 autores principais de trabalhos publicados em 2008 nas principais revistas médicas do mundo. Os cientistas responderam a 30 questões sobre a definição dos autores dos estudos dos quais participaram. No resultado, 21% dos trabalhos apresentaram autoria indevida. A porcentagem é menor que em 1996, quando os autores inapropriados apareciam em 29% dos artigos científicos na área médica. Mas, para os autores, os números continuam altos. O estudo está publicado no "British Medical Journal". De acordo com Saad, da Unicamp, a autoria indevida é um problema, por exemplo, no processo seletivo de um pesquisador em uma universidade ou instituição de pesquisa. Isso porque os artigos contam pontos na seleção. "Mas é preciso lembrar que critérios como entrevista e prova também são levados em conta", afirma. Para ele, os conflitos de interesse das pesquisas financiadas pela indústria farmacêutica, por exemplo, envolvem questões éticas ainda mais preocupantes. "Outra questão que deve ser destacada é o plágio. O pior tipo de fraude é copiar reproduzir ideias sem mencionar a fonte", analisa Saad. O biólogo Marcelo Hermes-Lima, da UnB (Universidade de Brasília), lembra ainda que fraudar dados nas pesquisas médicas é algo gravíssimo, pois afeta diretamente a vida das pessoas. Ele destaca uma pesquisa publicada em maio no "Journal of Medical Ethics", que mostrou que 188 artigos retratados com fraude na área médica envolveram 17.783 pessoas - e receberam mais de 5.000 citações de outros cientistas, que deram continuidade às pesquisas.

Fonte: Folha de S. Paulo – Caderno Ciência.

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