A espondilodiscite é uma complicação bastante comum da brucelose. É considerada pouco freqüente, de difícil diagnóstico
principalmente em regiões com alta prevalência de tuberculose, visto
que esta pode mimetizar o quadro de brucelose. A prevalência mundial da brucelose é de cerca de 500 mil casos por ano e é necessário um diagnóstico precoce e tratamento a fim de se evitar possíveis
sequelas.
No Brasil, é considerada uma doença ocupacional. A transmissão dá-se através do consumo de produtos infectados, tais
como: leite não pasteurizado e seus derivados; contato direto com
animais infectados ou inalação de partículas de aerossóis contendo
fragmento bacteriano. Clinicamente, a doença
caracteriza-se, geralmente, como uma febre de origem indeterminada,
envolvendo muitos órgãos e tecidos com sintomas constitucionais como:
perda ponderal (perda de peso),astenia (fraqueza), lombalgia, artrite, entre outros.
O envolvimento vertebral é o mais difícil de se diagnosticar e
tratar devido ao longo período de latência da infecção. A rotina
clínica e laboratorial pode não ser suficiente para diagnosticar a
patologia, uma vez que a lombalgia pode fazer parte do curso natural
da doença. O diagnóstico de brucelose vertebral é feito baseado em características clínicas, laboratoriais e achados radiológicos.
O diagnóstico diferencial torna-se
difícil, pois o envolvimento vertebral por brucelose pode mimetizar
uma série de patologias como: espondilodiscite tuberculosa;
osteomielite piogênica; lesões metastáticas; plasmocitoma;
actinomicoses e hérnia de disco.
A
febre é o principal sintoma de brucelose, muitas vezes com calafrios. A brucelose afeta a coluna torácica, sendo que em pacientes mais velhos, 60% dos casos afeta a coluna lombar, na
maioria das vezes no nível L4 ou L5 e em crianças a articulação
sacroilíaca é mais frequentemente envolvida
Segundo
alguns autores, tem sido sugerido que a ocorrência de dor nas costas, as
elevações na taxa de sedimentação de eritrócitos e do nível sérico de
proteína C-reativa, uma história de tuberculose anterior, e envolvimento
de elementos posteriores da coluna vertebral em imagens é patognomônico (parecido)
de tuberculose . A
destruição dos corpos vertebrais, geralmente na região torácica ou
toracolombar, é mais comum na tuberculose, enquanto a destruição do
disco é visto com mais freqüência em brucelose.
Este artigo tem como objetivo mostrar o quanto é importante procurar auxilio médico assim que surgirem dor nas costas associada a estado febril. O diagnóstico precoce de brucelose com envolvimento vertebral pode evitar sequelas irreparáveis e complicações
neurológicas.
A ressonância e a tomografia computadorizada mostram-se extremamente sensíveis
à detecção da brucelose com envolvimento vertebral. A opção terapêutica mais
referida na literatura é o esquema tríplice estreptomicina,
doxiciclina e rifampicina por pelo menos 45 dias, preconizado também
pela OMS.
Fontes:
The
New England Journal of Medicine, agosto - 2012.
Mello, C.C.F., et all.; Espondilodiscite por brucelose: relato de caso, Revista da Sociedade brasileira de medicina tropical,vol.40 no.4 Uberaba July/Aug. 2007
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