domingo, 26 de agosto de 2012

CONVULSÃO - O QUE FAZER

 
 

sábado, 25 de agosto de 2012

Febre e dor nas costas - Espondilodiscite


A espondilodiscite é uma complicação bastante comum da brucelose. É considerada pouco freqüente, de difícil diagnóstico principalmente em regiões com alta prevalência de tuberculose, visto que esta pode mimetizar o quadro de brucelose. A prevalência mundial da brucelose é de cerca de 500 mil casos por ano e é necessário um diagnóstico precoce e tratamento a fim de se evitar possíveis sequelas.
No Brasil, é considerada uma doença ocupacional. A transmissão dá-se através do consumo de produtos infectados, tais como: leite não pasteurizado e seus derivados; contato direto com animais infectados ou inalação de partículas de aerossóis contendo fragmento bacteriano. Clinicamente, a doença caracteriza-se, geralmente, como uma febre de origem indeterminada, envolvendo muitos órgãos e tecidos com sintomas constitucionais como: perda ponderal (perda de peso),astenia (fraqueza), lombalgia, artrite, entre outros. O envolvimento vertebral é o mais difícil de se diagnosticar e tratar devido ao longo período de latência da infecção. A rotina clínica e laboratorial pode não ser suficiente para diagnosticar a patologia, uma vez que a lombalgia pode fazer parte do curso natural da doença. O diagnóstico de brucelose vertebral é feito baseado em características clínicas, laboratoriais e achados radiológicos.


O diagnóstico diferencial torna-se difícil, pois o envolvimento vertebral por brucelose pode mimetizar uma série de patologias como: espondilodiscite tuberculosa; osteomielite piogênica; lesões metastáticas; plasmocitoma; actinomicoses e hérnia de disco.
A febre é o principal sintoma de brucelose, muitas vezes com calafrios. A brucelose afeta a coluna torácica, sendo que em pacientes mais velhos, 60% dos casos afeta a coluna lombar, na maioria das vezes no nível L4 ou L5 e em crianças a articulação sacroilíaca é mais frequentemente envolvida
 Segundo alguns autores, tem sido sugerido que a ocorrência de dor nas costas, as elevações na taxa de sedimentação de eritrócitos e do nível sérico de proteína C-reativa, uma história de tuberculose anterior, e envolvimento de elementos posteriores da coluna vertebral em imagens é patognomônico (parecido) de tuberculose . A destruição dos corpos vertebrais, geralmente na região torácica ou toracolombar, é mais comum na tuberculose, enquanto a destruição do disco é visto com mais freqüência em brucelose
Este artigo tem como objetivo mostrar o quanto é importante procurar auxilio médico assim que surgirem dor nas costas associada a estado febril. O diagnóstico precoce de brucelose com envolvimento vertebral pode evitar sequelas irreparáveis e complicações neurológicas
A ressonância e a tomografia computadorizada mostram-se extremamente sensíveis à detecção da brucelose com envolvimento vertebral. A opção terapêutica mais referida na literatura é o esquema tríplice estreptomicina, doxiciclina e rifampicina por pelo menos 45 dias, preconizado também pela OMS.


 
Fontes:  

The New England Journal of Medicine, agosto - 2012.

Mello, C.C.F., et all.; Espondilodiscite por brucelose: relato de caso, Revista da Sociedade brasileira de medicina tropical,vol.40 no.4 Uberaba July/Aug. 2007

domingo, 19 de agosto de 2012

Artigos cientificos - Cuidado com o que lemos!

Nem tudo que reluz é ouro!! Infelizmente, os interesses economicos e corporativos imperam em todas as áreas e na área da saúde não é deferente. 
Ao pesquisarmos sobre um patologia, por exemplo, ( principalmente na internet) devemos ter o cuidado de ler o maior número de trabalhos publicados recentemente sobre o assunto e comparar o que diferentes autores constataram em seus trabalhos. 
Em matéria levada ao ar pelo fantástico em 05/08, veio a tona a moda (ou industria) do antienvelhecimento, onde médicos oferecem tratamentos hormonais condenados pelo Conselho federal de medicina (cinco médicos já foram cassados). A industria do suplemento alimentar também é fortíssima e muitas empresas divulgam resultados de seus suplementos sem nenhuma comprovação cientifica, também não falam sobre os maleficios hepáticos renais, etc, causados pelo uso continuo de determinadas substâncias.
Em uma pesquisa realizada nos EUA, foi observado que cientistas são excluídos de artigos ou assinam trabalhos dos quais não participaram. Para especialistas, fraude de dados e conflitos de interesse com a indústria também preocupam. Um em cada cinco artigos científicos das principais revistas médicas do mundo tem problemas de autoria. O dado é de um estudo da Associação Médica Americana que analisou seis periódicos de prestígio: "Annals of Internal Medicine", "Jama", "Lancet", "Nature Medicine", "New England Journal of Medicine" e "PLoS Medicine". Foram encontrados casos de autores "fantasma" (que participaram do trabalho, mas não são citados) ou indevidos (que assinam a pesquisa sem ter contribuído). Essas práticas são condenadas pela ética científica. Manuais recentes das principais agências de financiamento à ciência do mundo determinam que deva ser autor ou coautor de artigos quem contribuiu significativamente para o trabalho. "O fato de um indivíduo ter usado um laboratório que você coordena para fazer um experimento não quer dizer que você será coautor do trabalho dele", exemplifica Mário José Abdalla Saad, diretor da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. Para ele, embora existam normas claras para identificar autores e coautores das pesquisas, ainda há uma espécie de "zona cinzenta". "Uma pessoa pode ter participado de maneira 'braçal' de uma pesquisa de modo decisivo. É preciso ter bom-senso para definir a autoria." O levantamento dos dados da Associação Médica Americana foi feito por um questionário respondido por e-mail por 630 autores principais de trabalhos publicados em 2008 nas principais revistas médicas do mundo. Os cientistas responderam a 30 questões sobre a definição dos autores dos estudos dos quais participaram. No resultado, 21% dos trabalhos apresentaram autoria indevida. A porcentagem é menor que em 1996, quando os autores inapropriados apareciam em 29% dos artigos científicos na área médica. Mas, para os autores, os números continuam altos. O estudo está publicado no "British Medical Journal". De acordo com Saad, da Unicamp, a autoria indevida é um problema, por exemplo, no processo seletivo de um pesquisador em uma universidade ou instituição de pesquisa. Isso porque os artigos contam pontos na seleção. "Mas é preciso lembrar que critérios como entrevista e prova também são levados em conta", afirma. Para ele, os conflitos de interesse das pesquisas financiadas pela indústria farmacêutica, por exemplo, envolvem questões éticas ainda mais preocupantes. "Outra questão que deve ser destacada é o plágio. O pior tipo de fraude é copiar reproduzir ideias sem mencionar a fonte", analisa Saad. O biólogo Marcelo Hermes-Lima, da UnB (Universidade de Brasília), lembra ainda que fraudar dados nas pesquisas médicas é algo gravíssimo, pois afeta diretamente a vida das pessoas. Ele destaca uma pesquisa publicada em maio no "Journal of Medical Ethics", que mostrou que 188 artigos retratados com fraude na área médica envolveram 17.783 pessoas - e receberam mais de 5.000 citações de outros cientistas, que deram continuidade às pesquisas.

Fonte: Folha de S. Paulo – Caderno Ciência.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Viscosuplementação na osteoartrite

Muitos pacientes tem me perguntado sobre esta técnica, principalmente àqueles com osteoartrite de joelho, portanto resolvi postar sobre o assunto.
A osteoartrite (OA) também é conhecida como artrose ou osteoartrose. Trata-se de uma doença que afeta pelo menos 20% da população mundial, sendo a terceira causa de afastamento do trabalho. Sua manifestação causa dores e progressivamente vai limitando os movimentos, dificultando a realização das tarefas mais simples.
Apesar de ser bastante associada ao envelhecimento, a OA pode ser estar ligada a vários fatores como: genéticos (sexo, distúrbios genéticos relacionados ao colágeno tipo II, outras alterações genéticas dos ossos e articulações, raça, grupo étnico), não-genéticos (idade avançada, obesidade, menopausa, doenças articulares ou ósseas adquiridas, cirurgia articular prévia) e ambientais (ocupação, trauma articular importante, lesões, ou atividades esportivas) (SATO, 2004). 
Uma das técnicas utilizadas atualmente com o intuito de atenuar as complicações geradas pela OA chama-se viscosuplementação. A viscossuplementação é a reposição do líquido sinovial através da injeção de ácido hialurônico dentro do espaço intra-articular. O ácido hialuronico (AH), é um composto presente em todos os órgãos do corpo. O AH tem a função, por exemplo, de manter o volume da pele a partir do preeenchimento do espaço entre as células e lubrificar as articulações. Sua presença em nosso corpo diminui com o avanço da idade, causando alterações relacionadas a hidratação e elasticidade da pele e lubrificação das articulações. 
Com a infiltração do AH na articulação, temos uma articulação com maior lubrificação, maior volume e diminuição da dor pois irá evitar o atrito entre os ossos que compôe a articulação afetada pela OA. A técnica é realizada após anestesia local, onde o médico habilitado injetará o AH na articulação afetada através de uma agulha especial. O paciente sentirá os efeitos positivos da técnica após a 3ª infiltração para as articulações maiores (ombro, quadril, joelho) e efeito mais rápido para as pequenas articulações (cotovelo, punho, tornozelo). Vale lembrar que os efeitos positivos desta técnica variam muito, dependendo do grau de comprometimento gerado pela doença. Em casos mais avançados, o paciente pode não sentir melhoras, por isso é importante conversar com o seu médico antes de realizar o procedimento.